Downton Abbey

É uma série britânica que já foi concluída e atualmente está disponível no Netflix. Ela possui seis temporadas e cada temporada varia entre sete a oito episódios, na maioria delas há um episódio especial de natal. Ao contrário do que muitos possam pensar, essa é uma série totalmente diferente das demais de época.

Acompanhamos a família do conde de Grantham e seu dia a dia a partir do ano de 1912 (com o naufrágio do Titanic) até o verão de 1923. É possível observar desde os acontecimentos históricos dessa época como a Primeira Guerra mundial até as mudanças da moda e comportamentos, como a ascensão das mulheres na sociedade. Se você está esperando uma série cheia de bailes e vida social fora da residência oficial do conde que é chamada de Downton Abbey irá se decepcionar. A série foca totalmente no cotidiano da família, inclusive nas intrigas dos funcionários.

O conde tem três filhas mulheres e isso é o grande ponto que movimenta as coisas, toda a fortuna e propriedade só podem ser passados para um homem. Quando o herdeiro do conde morre no Titanic, entra em cena Matthew Crawley, um primo distante que herda o título. Ele se muda com a mãe para a cidade próxima da propriedade e a história começa a ganhar força.

Matthew logo se apaixona pela Lady Mary (a filha mais velha do conde), mas o amor deles é muito complicado. E muitas coisas acontecem até finalmente começarem a se envolver. Os sentimentos são tratados de uma forma muito real durante toda a série. Ninguém se apaixona rápido demais e não há relacionamentos sem um profunda história. Esqueça aquela fantasia de que o mocinho encontra a mocinha, vencem desafios e ficam juntos. Aqui a história é real e bem complexa.

Lady Mary é uma das minhas personagens favorita. Nos primeiros episódios só conseguimos pensar o tanto que ela é chata e arrogante e depois vamos percebendo a profundidade da personagem. Ela sente um peso nas costas por não ser homem e por não ter poupado sua família de tamanho problema da herança. Quando Matthew entra em sua vida tudo fica mais confuso, mas demora para ela entender seus reais sentimentos por ele.

Lady Edith (a segunda filha) é a minha segunda personagem favorita. Se lady Mary sofre, acredito que Edith sofre muito mais. Sua família nunca se importa muito com ela, as suas irmãs chamam mais atenção e ela acaba sempre sendo esquecida. Edith e Mary tem várias rusgas e contendas, mas com o passar do tempo a relação das duas vai amadurecendo. Podemos definir Edith como sendo aquela filha que ninguém observa, mas que está lá, sempre sofrendo por ser ignorada, apesar de ter um imenso coração e sensibilidade.

Tenho que lembrar sobre a lealdade dos funcionários dessa época. Poucos deles pensam em seus próprios interesses, podemos destacar como o maior defensor da família o mordomo Charles Carson. Não apenas defende os interesses de seus patrões com os defende de qualquer e possível ameaça que possa rondar a família. Uma pessoa totalmente admirável.

A escritora é bem cuidadosa, pois nos mostra as qualidade e defeitos de cada personagem, mesmo dos empregados, o que nos faz gostar tanto do defeito como da qualidade. Como muitos dizem, não são as qualidades que nos definem e sim nossos defeitos que nos fazem únicos. Nessa série isso é bem provado. Você aos poucos acaba escolhendo um personagem para chamar de favorito e depois de um tempo sabe todos os defeitos dele, mas gosta dele mesmo assim, isso é o que é mais belo nessa série.

A fotografia e a trilha sonora da séria são perfeitas. Os figurinos de deixar qualquer um estupefato, ao mesmo tempo que nos traz um modo de vida que só lemos nos livros históricos de uma forma muito palpável. É uma série perfeita para quem gosta de história e de grandes interpretações. Não consigo escolher ninguém que tenha trabalhado mal nessa série, pelo menos até a terceira temporada (pois é o ponto no qual estou assistindo), mesmo assim já recebi altas recomendações de que toda a série é maravilhosa.