Silêncio – Richelle Mead

Editora: Galera

Sinopse: Pelo que Fei se lembra, nunca houve um ruído em seu vilarejo ― todos são surdos. Na montanha, ou se trabalha nas minas ou na escola, e as castas devem ser respeitadas. Quando algumas pessoas começam também a perder a visão, inclusive a irmã de Fei, ela se vê obrigada a agir e a desrespeitar algumas leis. O que ninguém sabe é que, de repente, ela ganha um aliado: o som, e ele se torna sua principal arma. Ao seu lado, segue também um belo e revolucionário minerador, um amigo de infância há muito afastado em função do sistema de castas. Os dois embarcam em uma jornada grandiosa, deixando a montanha para chegar ao vale de Beiguo, onde uma surpreendente verdade mudará suas vidas para sempre. Fei não demora a entender quem é o verdadeiro inimigo, e descobre que não se pode controlar o coração.

A vida de Fei e de sua irmã é sistemática. A vila funciona num sistema de castas e não há possibilidade de trocas. Fei é aceita como uma aprendiz de um dos mais importantes anciões da vila e ela leva a irmã junto para que também possa ser aprendiz de outra anciã. Os dias seguem sempre iguais, os aprendizes observam o dia da vila e durante a noite e a manhã do outro dia pintam telas que funcionam para informar aos moradores os acontecimentos da vila. As telas são guardadas como registros.

Mas algo está errado no vilarejo, já tem alguns meses que algumas pessoas começaram a ficar cegas e não podem trabalhar ou cumprir sua missão de casta. Essas pessoas se acumulam nas ruas como pedintes. Não há comida para todos, apesar de ela ser sempre escassa. Por causa de um deslizamento de pedras, a área da vila com terras férteis não pode ser acessada, então a vila fez um acordo com o vale de Beiguo, a vila fornece pedras e metais precisos e eles devem enviar comida.

A vila tem sobrevivido dessa forma há alguns anos, mas a remessa de comida começou a diminuir e agora o rei de Beiguo quer mais metais e pedras em troca da mesma quantidade de comida. Como a vila é cercada de precipícios fica difícil encontrar uma alternativa, apesar dos moradores já estarem no limite de suas forças para conseguir a quantidade normal do dia a dia para ser ofertado ao rei.

Li Wei é da casta de mineradores e passa a maior parte do seu dia dentro da mina extraindo os metais e pedras preciosas. Ele tinha uma amizade com Fei quando eram crianças, mas o fato dela ter sido escolhida como aprendiz os separou totalmente. A realidade da vila está cada dia pior, pois o número de pessoas cegas tem aumentado consideravelmente.

“Ele vem de um lugar mais obscuro, das profundezas da nossa alma, e, quando gritamos nesses momentos em que estamos tristes ou com muita raiva, existe uma constatação terrível que acompanha esse ato: a de que estamos dando voz a uma emoção que é simplesmente grande demais para caber no nosso coração .”

Capítulo 6, pág. 61

Em um dia qualquer, Fei tem um sonho estranho com uma figura mítica e quando acorda começa a ouvir. O sentido de audição é muito diferente de tudo o que ela já tinha sentido, então ela procura informações na biblioteca sobre o assunto e sobre os últimos registros das pessoas da vila que ainda ouviam, mas nada realmente parece ajudá-la. Aos poucos ela vai se acostumando a essa nova realidade e com medo não conta para ninguém.

Algo muito ruim acontece, a irmã de Fei dá sinais de estar ficando cega e se os outros souberem ela logo será retirada da posição de aprendiz e levada para trabalhar nas minas até morrer ou terminar de ficar cega. Então Fei faz uma escolha perigosa e se encontra com Li Wei. Ela o convence a tentar descer os precipícios para poderem falar com o rei ou com o “Guardião dos Cabos” a fim de resolver a questão da fome na vila.

“Sim, Fei. Amor. Amo você desde aquele primeiro olhar de desafio que me lançou do meio dos escombros do galpão. Amei você ao longo de todos os anos em que crescemos juntos. E amei você quando me contou que iria embora para ficar com os artistas. Durante tudo isso, no meu coração sempre só existiu espaço para o nome de uma pessoa: o seu.”

Capítulo 13, pág. 186

Assim começa a viagem de Fei e Li Wei, eles se preparam da forma que podem e enfrentam muitos desafios até conseguirem chegar ao vale. Logo descobrem que muitas mentiras foram contadas e que devem voltar logo para a vila e encontrar um novo futuro para eles ou estarão todos mortos dentro de um ano.

A característica mais marcante do povo de Fei é eles serem surdos, mas isso não atrapalha em nada eles se comunicarem. A escrita de Richelle continua maravilhosa e logo me afeiçoei a Fei e ao drama de sua vila e família. A relação dela com Li Wei se desenvolve de uma forma tão natural que até parece eles serem destinados um ao outro, apesar de Fei já ter um casamento arranjado entre os aprendizes.

O que mais gostei foi descobrir os mistérios que o vale escondia da vila e como Fei e Li Wei lidaram com isso. O desfecho é fantasioso, mas isso já é apontado desde o início do livro que há elementos de magia que envolvem o povo de Fei e quando eles são revelados é bem impressionante. Gostei bastante, foi uma leitura muito rápida. Super indico ^^